Amor 2.0 ~ Um Guia Para Compreender O Amor

"Não tome uma decisão permanente por um sentimento temporário" ~ Anónimo

Quando falamos de amor associamos imediatamente tudo o que se segue ao amor romântico, nós, da terra de poetas conhecemos-lhe bem a prosa e o verso.

Afinal, grande parte do que a nossa sociedade produz usando técnicas de marketing emocional ou falando directamente de relacionamentos se correlaciona a um minúsculo espectro do que chamamos amor.

Carl Jung descreveu o processo químico do amor romântico da seguinte maneira:

"O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contacto de duas substâncias químicas: se alguma reacção ocorre, ambas sofrem uma transformação."

"Em sua essência, o desejo é um impulso de destruição. E, embora de forma oblíqua, de autodestruição: o desejo é contaminado, desde o seu nascimento, pela vontade de morrer. Esse é, porém, seu segredo mais bem guardado — sobretudo de si mesmo." 

"E assim é numa sociedade consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a “experiência amorosa” à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultados sem esforço."

~ Zygmunt Bauman, Amor Líquido (e-book completo)

Erich Fromm sobre Amor, ver ao min 0:25

"O tipo de amor mais fundamental, que subjaz a todos os tipos de amor, é o amor fraterno. Com isto pretendo dizer o sentido de responsabilidade, preocupação, respeito, conhecimento por qualquer outro ser humano, o desejo de melhorar a sua vida."
~ Erich Fromm, The Art of Loving 

"Eu desejo que os jovens percebam razoavelmente cedo que há tanto significado na vida quando eles conseguem adicionar isso a ela através de esforço e dedicação. Que a árdua tarefa de compor uma vida não pode ser reduzida a adicionar episódios agradáveis. A vida é maior que a soma de seus momentos."~ Zygmunt Bauman 

Neste momento torna-se mais claro, pelas características do próprio momento histórico em que vivemos que talvez devêssemos ampliar a nossa definição de amor.

"Verdadeiro amor é amor apaixonado que nunca esvaece, se você está em verdadeiro amor, deve casar com essa pessoa, se o amor termina, você deve deixar essa pessoa porque não era verdadeiro amor e se encontrar a pessoa certa, terá amor verdadeiro para sempre. Pode não acreditar neste mito você mesmo, especialmente se tiver mais de trinta mas muitas pessoas jovens nas nações Ocidentais foram educadas com ele e ele age como um ideal que elas transportam inconscientemente até se zombarem dele… Mas se verdadeiro amor é definido como paixão eterna, ele é biologicamente impossível."

~ Jonathan Haidt, Não há tal coisa como amor eterno

http://www.theatlantic.com/sexes/archive/2013/01/theres-no-such-thing-as-everlasting-love-according-to-science/267199/

Barbara Fredrickson partilha algumas palavras sobre o tema:

"'LOVE 2.0' descreve esse micro-momento tonificante que sente quando se conecta verdadeiramente com alguém, encontram olhos e compartilham uma fonte comum de positivismo. 

Agora, quer isso entre você e a sua alma gémea ou você e um completo estranho, isso fornece poderosa nutrição para si e a sua saúde. 

Temos tendência para falar de amor no mesmo sopro do matrimónio e o romance mas isto é demasiado restrito. Precisamos de mudar radicalmente as nossas perspectivas sobre o amor porque vemos os seus efeitos cascata nos próprios ritmos do seu coração, bem até às células do seu sistema imunitário. 

Gostamos de pensar que o amor é ou pode ser incondicional, mas não é, precisamos de deixar de parte a crença de que o amor é duradouro, na realidade o amor é muito mais passageiro do que muitos de nós gostariam de admitir. 

Não lhe pediria para melhorar a sua perspectiva do amor a menos que compensasse e isto compensa imenso."

Um excerto do seu livro:

"Todavia, longe além de se sentir bem, um micro-momento de amor, tal como outras emoções positivas, literalmente altera a sua mente. Ele expande a sua consciência das suas imediações, até a sua sensação de ser. As fronteiras entre você e não-você relaxam e tornam-se mais permeáveis. Quando infundido com amor vê menos distinções entre você e os outros. Certamente, a sua habilidade de ver os outros, os ver realmente, com todo o coração, floresce abertamente. O amor pode dar-lhe uma sensação palpável de unidade e conexão, uma transcendência que o faz sentir-se parte de algo muito maior que si mesmo."

Citações do vídeo: 

Estudo da Drª Barbara: http://www.psychologicalscience.org/index.php/news/releases/social-connections-drive-the-upward-spiral-of-positive-emotions-and-health.html

FOTO por helen sotiriadis @ Flickr